sábado, 11 de agosto de 2012

ADOTADO POR DAVID HARRAD E TONI REIS, ALYSON TERÁ DOIS PAIS EM SUA NOVA CERTIDÃO DE NASCIMENTO-APOIO


Queridos amigos: tenho enorme prazer em divulgar a reportagem abaixo, pois, trata-se de uma adoção tardia em que participei com muito carinho. No dia 14 buscarei a certidão de Alyson Miguel Harrad Reis, onde consta o nome de seus dois pais. Abraços, Silvana -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ADOTADO POR DAVID HARRAD E TONI REIS, ALYSON TERÁ DOIS PAIS EM SUA NOVA CERTIDÃO DE NASCIMENTO-APOIO 11/08/2012 Este domingo terá um significado muito especial para britânico David Harrad e o brasileiro Toni Reis. Depois de quase sete anos tentando adotar juntos um filho, eles conseguiram, e agora estão preparando um belo almoço para comemorarem o primeiro Dia dos Pais com o menino Alyson. David e Toni conversaram com a Agência de Notícias da Aids e contaram detalhes sobre esta nova experiência. Segundo eles, em casa, a educação com “dois pais” precisou apenas de um arranjo familiar, mas como fora Alyson pode vir a enfrentar preconceitos, estão conversando bastante com o garoto. “É importante fazer um paralelo com outras formas de discriminação que também existem contra quem não se enquadra na norma social imaginária, como as pessoas magras, gordas, baixinhas, altas, etc”, disseram. LEIA A SEGUIR A ENTREVISTA: Agência Aids: Pelas demandas que chegam a ABGLT* (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e nos encontros que vocês participam, como está a adoção por pais homossexuais atualmente no Brasil? Toni Reis e David Harrad: O Estatuto da Criança e do Adolescente permite que qualquer pessoa solteira adote sem distinção uma ou mais crianças. Dificuldades têm surgido quando casais do mesmo sexo querem adotar em conjunto. Neste caso, a adoção conjunta é importante para o bem-estar da criança, uma vez que na eventualidade de um dos pais (ou mães) morrer, o/a outro/a fica com a guarda. Caso contrário, pode acontecer uma briga na justiça pela guarda, como aconteceu no caso do filho da Cássia Eller. No entanto, entraves têm ocorrido em algumas Varas da Infância em relação à adoção homoafetiva conjunta, ou pela falta de precedentes (insegurança por parte do juiz em dar uma sentença inédita) ou por ações promovidos por promotores do Ministério Público, alegando, antes da decisão de 5 de maio de 2011 do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu as uniões homoafetivas como equiparadas à união estável heterossexual, que casais do mesmo sexo não formassem uma família nos temos da constituição federal e, portanto, não podiam adotar em conjunto. No nosso caso, por termos passado por um grande processo jurídico, levou quase sete anos até conseguirmos adotar uma criança. Apesar disso, há vários casos de sucesso no Brasil em relação à adoção conjunta e, depois da decisão do STF, com certeza se tornará um fenômeno mais comum. AGÊNCIA AIDS: COMO ESTÁ SENDO PARA VOCÊS SEREM PAIS? FIZERAM ALGUM TIPO DE DIVISÃO DE TAREFAS NA EDUCAÇÃO DO ALYSON? Toni e David: Conhecemos o menino em setembro do ano passado (2011) e ele veio morar conosco em dezembro. Recebemos a guarda definitiva (a adoção) em julho deste ano. O nome dele já foi para alteração no registro civil, conforme determina a lei. Seu novo nome será Alyson Miguel Harrad Reis, e na nova certidão de nascimento dele terá dois pais. Foi o que é chamada de “adoção tardia”, ou seja, já não é mais um bebê ou uma criança novinha. Agora o Alyson tem 11 anos. Pela idade, ele já trouxe toda uma formação anterior, bem como as marcas da situação que levou a família dele perder o pátrio poder e sua jornada em vários abrigos à espera da adoção durante vários anos. Assim, tivemos alguns momentos difíceis no início da nossa convivência, em termos de não querer obedecer, testar limites, etc. E também para ele se adaptar a nós. Passados oito meses, muitas dessas dificuldades já foram superadas, embora sempre haja os lapsos característicos de qualquer criança. De modo geral, estamos todos os três bastante felizes enquanto família. Em termos da divisão das tarefas, para a maioria das coisas o Alyson já se vira sozinho. No entanto, é necessário prestar bastante atenção nos deveres que ele tem que fazer para escolar, e isso nós dividimos entre os dois. Em termos gerais, Toni é mais uma figura de autoridade, embora brinque bastante, enquanto o David tende a se preocupar com os cuidados cotidianos, como a comida, a roupa... AGÊNCIA AIDS: NA OPINIÃO DE VOCÊS, A ADOÇÃO POR “DOIS PAIS” REQUER ALGUM CUIDADO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA E NO QUE ISSO POSSA REPRESENTAR NA SOCIEDADE? Toni e David: Na vida cotidiana em casa, ter dois pais não impõe qualquer dificuldade. É apenas mais um arranjo familiar. No mundo lá fora sabemos que pode ser necessário enfrentar o preconceito e a discriminação e temos conversado bastante sobre isso com o Alyson. É importante fazer um paralelo com outras formas de preconceito e discriminação que também existem contra quem não se enquadra na norma social imaginária, como as pessoas magras, gordas, baixinhas, altas, etc. Temos um bom relacionamento com as pedagogas e com o corpo docente da escola dele, e desde o início todos estão cientes de toda a situação do Alyson. Ele não esconde dos outros estudantes o fato de ter dois pais e sabe se defender de eventuais comentários negativos a este respeito. AGÊNCIA AIDS: ESTÁ CERTO PENSARMOS EM “DOIS PAIS”? SERÁ ASSIM QUE VOCÊS SE IDENTIFICARÃO PARA ELE? Toni e David: Sim, está certo pensarmos em dois pais. Como o David é inglês, para diferenciar quando os dois estão juntos, ele chama o Toni de “pai” e o David de “daddy”, mas também chama o David de “pai” quando o Toni não está presente. AGÊNCIA AIDS: NESTE DIA DOS PAÍS, QUE MENSAGEM VOCÊS DEIXAM PARA TODOS OS HOMENS HOMOSSEXUAIS QUE QUEREM SER PAI? Toni e David: Se têm toda certeza que querem ser pai, que sigam em frente e realizem seu sonho e contribuam para que uma criança que precisa, tenha um lar, amor e educação. Um conselho: apesar de poder ter dó da criança pelo que possa ter sofrido, procurem não manifestar isso para ela. É preciso ser firme e criar a criança como qualquer outra, sem diferenciação e com educação e amor. *Toni Reis é Presidente da ABGLT Lucas Bonanno http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=19499

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