sábado, 11 de agosto de 2012

O DIREITO DE SER PAI


O DIREITO DE SER PAI 9 de agosto de 2012 Assessoriade imprensa LucianaVasconcelos ClariceGulyas Depois de aprovado pelo Senado Federal o PLS 752/201, fica estabelecido o princípio da isonomia à Licença Paternidade em relação à maternidade, beneficiando os pais solteiros que adotarem. Em decisão terminativa, no dia 04 de julho, os senadores da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), votaram pela aprovação do projeto que garante o direito a licença de 120 (cento e vinte) dias e o recebimento do salário equivalente ao chamado salário-maternidade pelo mesmo período ao homem que, sozinho, adotar uma criança. O projeto, que estimula a adoção de crianças maiores de três anos, tem base na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – que possuem normas que impedem o tratamento discriminatório entre a criança adotada e o filho biológico e ainda, da mulher em relação ao homem. Para Soraya Pereira, psicóloga e presidente da ONG Aconchego, do DF, adotar é sem dúvida uma das maneiras de se constituir família. “A adoção por pais solteiros não é novidade e se consolidou no mundo moderno. Hoje vemos com naturalidade a criação de novos arranjos familiares, resultante de relacionamentos que sofreram constantes desgastes. Como produto dessa reorganização, temos a família monoparental – famílias formadas por um dos pais e seus descendentes”, destacou E para quem acha que só existe o extinto maternal, fique sabendo que atualmente o número de pretendentes a adoção aumentou consideravelmente entre os homens solteiros ou mesmo separados. Eles buscam realizar o sonho de ter um filho independente do casamento. É o caso de médico GleidsonViana, recifense de 32 anos: “Sempre tive a intenção de ter um filho, fosse meu, fosse adotado, estivesse eu, solteiro ou casado. Meus planos eram de ser pai em torno dos 35 anos (o que aconteceria somente em 2014)”, frisou. Com os olhos cheios de contentamento e a voz firme, Gleidson deixa claro seu instinto paternal: “Estava fazendo trabalho voluntário de apadrinhamento afetivo em um abrigo e após dois anos o Davi* chegou à instituição depois de passar por outros abrigos. A identificação foi imediata da minha parte, tive vontade de cuidar, abraçar e dar todo conforto que eu achava que ele precisava”, disse. Assim como Gleidson muitos homens têm como projeto pessoal ter um filho e um dos objetivos consagrados pelo ECA é visar sempre o melhor interesse da criança, direito também garantido pela Constituição, que é a convivência familiar. Vale ressaltar aqui, que as famílias adotivas não são menos verdadeiras ou menos saudáveis, do que as que têm laços sanguíneos, pois eles não garantem afeto. Já a adoção é uma escolha e não uma imposição como em casos de gravidez indesejada ou inesperada. A chegada de um filho adotivo altera todo o núcleo familiar, as metas, prioridades, tudo. A atitude gera uma série de novos acontecimentos, assume outras perspectivas e mudanças de papéis para aqueles que se tornarão irmãos, primos, tios, avós, à medida que passarem a interagir com o adotado. Lei e Responsabilidades Quanto à aprovação do projeto pelo Senado, Gleidson afirma que é de extrema importância esse convívio inicial integral, tanto para a criança como para o adotante: “A criança adotada precisa ter certeza de que é amada. Necessita dessa convivência para conhecimento mútuo e consequentemente para o crescimento do sentimento. O período inicial é muito difícil, a adaptação de ambas as partes… Somente o tempo para ajustar, quanto maior for melhor”. “Antes mesmo de adotá-lo, tinha a noção da responsabilidade, sempre vi com rigor meus deveres sobre o meu filho, as prioridades mudam. Na verdade, minhas prioridades desapareceram. As dele vêm primeiro, tenho de trabalhar, mas tenho de acompanhá-lo nos estudos, nos seus relacionamentos na escola, no judô, na natação, no inglês, saber como foi seu dia, se algo o incomoda, mostrar que me preocupo, que o amo e que ele é minha prioridade, que desde que ele apareceu na minha vida, deixo as outras andarem ao lado”, declarou o médico. Tudo mudou na minha vida, hoje não sou mais eu,”sou” nós, tenho sempre de pensar aonde e como ele vai se encaixar nas minhas decisões. Sou uma pessoa mais feliz, mais carinhosa, mais responsável e me sinto PAI, totalmente realizado com a paternidade. Ser pai é mais que genética “Observei-o por vários meses, fui seu padrinho afetivo, decidi mudar meus planos e antecipar a chegada da paternidade, pois já existia um pai, já existia um filho e principalmente, já existia sentimento mútuo”, confessou. “A grande diferença do pai adotivo solteiro é que nós não temos com quem dividirmos os cuidados, logo, acho que deve existir um tempo necessário para adaptação, cuidados, demonstração de afeto e, sobretudo a criação do vínculo amoroso. Por outro lado também acho que cinco dias para o pai biológico é muito pouco, deveria ser maior para aumentar o vínculo”. Segundo Soraya é importantíssimo acompanhar a criança nas atividades dentro e fora de casa, pois faz parte do desenvolvimento socioeducativo e psicossocial: “O pai adotivo deve desenvolver atividades que envolvam de forma lúdica e prazerosa a criança, para que uma nova história de vida vá sendo escrita. Ele deve criar momentos que fiquem guardados na memória da criança, afinal, agora ela tem uma família e existe um vínculo afetivo”, ponderou a psicóloga. Criar uma criança sozinho é um grande desafio, Gleidson fala sobre o assunto: “Não é uma tarefa fácil, mas sempre soube que não seria. Tive de refazer os horários do meu trabalho para poder deixá-lo e buscá-lo na escola, tenho ajuda de uma secretária que cuida dele nos momentos que estou ausente, mas hoje consigo dar toda assistência necessária”. Segundo Soraya, nas famílias monoparentais é grande a importância de uma rede de apoio/suporte para suprir a necessidade do outro na relação. “Os outros membros da família podem ampliar as possibilidades de socialização e identificações com adotado oferecendo suporte psicológico, moral e mesmo material, que podem vir de familiares ou até mesmo de vizinhos. Logo, esse apoio é fundamental tanto na inserção do adotado em sua nova família quanto no recebimento do adotante. Assim é possível ajudá-lo não só a esclarecer suas dúvidas e incertezas, mas elucidá-las”, enfatizou. http://www.aconchegodf.org.br/o-direito-de-ser-pai

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