domingo, 28 de outubro de 2012

DUAS FORMAS DE AMOR



11.05.2012

Aos seis anos, Gabriel Marx Prigol sabe que tem duas mães. A que ele conhece é Maria Rosi Marx Prigol, que o adotou ainda bebê. A mãe que o gerou decidiu doar seu quinto filho tão logo ele nasceu. Sem esconder essa realidade da criança, Maria Rosi escreveu um livro para o filho, para que, quando grande, ele possa ler e entender essas duas formas de amor, da mãe biológica que decidiu dar a ele uma vida melhor e da adotiva que o recebeu como uma dádiva. No livro, Rosi explica a Gabriel:

MARIA ROSI COM O LIVRO EM QUE CONTA A VIDA DE GABRIEL
“Era uma vez duas mulheres que nunca se conheceram, de uma não te lembras, a outra sou eu que tu chamas de mãe. Duas vidas diferentes a procura de realizar uma só: a tua. Uma foi a sua boa estrela, deixou-te nascer, eu fui seu sol. A primeira te deu a vida, eu te ensinarei a viver. A primeira te transmitiu os dons de viver, eu te darei uma razão para viver. Uma fez nascer em ti a emoção da vida, eu te acalmarei as angústias. A primeira recebeu o teu primeiro olhar, eu secarei as tuas lágrimas. Uma te ofereceu em adoção, era tudo o que ela podia fazer por ti, eu rezei muito para te ter e te ver. E Deus a encaminhou na minha direção. E agora quando chorando tu me questionares: “de quem eu sou fruto?”, eu te respondo: nem de uma nem de outra, minha criança, simplesmente de duas formas diferentes de amar.”
Além de Gabriel, Mari Rosi tem dois filhos biológicos já adultos e mais dois em processo de adoção. Desde 2009, ela é presidente do Instituto Amigos de Lucas, organização não-governamental que trabalha na prevenção ao abandono na infância e luta pela garantia do direito da criança viver em família. Wesley e Wendy são as crianças que Rosi pretende adotar. A presidente do instituto resumiu a história dos dois irmãos. Em 2009, um juiz ligou, para Rosi, solicitando o trabalho do “famílias acolhedoras”, programa do Instituto Amigos de Lucas que acolhe crianças tiradas de casa e que devem ser levadas a um abrigo. Quando não há vaga nos abrigos, uma família as recebe temporariamente até a adoção.
O juiz informou que quatro irmãos precisavam ser acolhidos. Porém, só havia uma família disposta a receber duas crianças. Então, os dois maiores ficaram com essa família e os menores foram para casa de Rosi. Wesley e Wendy deveriam permanecer com ela, no máximo, três dias. Mas, já se passaram três anos. Nesse meio tempo, as duas crianças estiveram um período em um abrigo – para ficar com os outros dois irmãos – mas voltaram para casa de Rosi, que decidiu iniciar um processo de adoção.
Os dois filhos biológicos de Rosi, de 23 e 26 anos, sempre apoiaram a decisão da mãe de adotar e também são apaixonados pelos pequenos. Sobre o processo de adoção, a presidente do instituto conta que a procura é grande, porém, 85% das pessoas que estão na fila querem crianças brancas de zero a três anos. O instituto procura mudar esse perfil e mostrar o quanto é difícil adotar um bebê e a importância de dar um lar às crianças maiores.
Texto: Milena Haas (1º semestre) e Camila Salton (1º semestre)
Fotos: Priscila Leal (5º semestre)
http://www.eusoufamecos.net/editorialj/duas-formas-de-amor/

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