sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

CPI DO TRÁFICO DE PESSOAS VAI PEDIR INDICIAMENTO DE REPRESENTANTE DA ONG LIMIAR


18/02/2014

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de pessoas deverá pedir o indiciamento de representantes da ONG Limiar, acusada de participar de um esquema de intermediação ilegal de adoções de crianças brasileiras por famílias norte-americanas. Com sede nos Estados Unidos e filial na capital paulista, a organização também tem atuações no Paraná.
Nesta terça (18), a comissão ouviu o relato do brasileiro Marcel Lee Paul, adotado em 1989 por uma família dos Estados Unidos juntamente com a irmã, Raquel. Ambos têm deficiência auditiva e, por volta dos nove anos, perderam-se dos pais na região de Jundiaí, em São Paulo. Após breve estada em um abrigo, foram adotados de maneira suspeita, segundo Marcel, que, no Brasil, se chamava Marcelo. Os irmãos foram levados para o exterior, mesmo contra a vontade. Marcelo contou à CPI que, à época da adoção, a irmã, Raquel, presenciou a troca de dinheiro entre a mãe adotiva e uma pessoa no Brasil.
Marcelo já tinha sido ouvido pela CPI no ano passado, em missão aos Estados Unidos. Mas a comissão decidiu trazê-lo ao país para complementar os esclarecimentos.
Segundo o presidente do colegiado, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), a adoção de Marcelo e Raquel está entre as centenas intermediadas pela ONG Limiar com suspeita de ilegalidade. O deputado destaca que há elementos para pedir o indiciamento de representantes da organização.
"Nós vamos solicitar o indiciamento com o rigor que a lei estabelece para todos os dirigentes da ONG Limiar, que, no nosso entendimento, são os responsáveis por esse processo, essa organização criminosa que trafica crianças, bebês, do Brasil para o exterior. É preciso que a gente lembre que essa ONG já praticou esse processo de adoção com mais de mil crianças brasileiras. Não sei se todas com o grau de crime como no caso do Marcel e da Raquel."
Com o apoio da CPI, Marcelo encontrou a família biológia em Jundiaí. A comissão trabalha para que ele e a irmã Raquel, que ainda se encontra nos Estados Unidos, possam permanecer definitivamente no Brasil.
O autor do pedido para a vinda de Marcelo à CPI, deputado Fernado Francischini (SDD-PR), suspeita de que a mãe adotiva esteja mantendo Raquel nos Estados Unidos para continuar recebendo seguro pago pelo governo norte-americano a famílias cujos parentes tenham algum tipo de deficiência.
"Só no Paraná e em Santa Catarina, são 355 crianças que eu consegui mapear nas buscas da ONG Limiar que foram levadas aos Estados Unidos e ao Canadá. Por trás de tudo isso, crianças deficientes, sendo adotadas, têm o pagamento pelo governo americano do seguro social."
Em depoimentos anteriores à CPI, os representantes da ONG Limiar Ulisses Gonçalves da Costa e Audelino de Souza, o Lino, negaram irregularidades nas adoções.
A CPI do Tráfico de Pessoas deve encerrar os trabalhos no fim de março.
Marcelo foi adotado em 1989 por uma família dos Estados Unidos juntamente com a irmã, Raquel )Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
Da Rádio Câmara, de Brasília, Ana Raquel Macedo
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/ULTIMAS-NOTICIAS/462276-CPI-DO-TRAFICO-DE-PESSOAS-VAI-PEDIR-INDICIAMENTO-DE-REPRESENTANTE-DA-ONG-LIMIAR.html

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