quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

MAIS DE 140 CASAIS ESTÃO NA FILA PARA ADOÇÃO EM JUNDIAÍ


09/02/2014
QUESTÃO FAMILIAR
A Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí tem, atualmente, 142 casais à espera de um filho para adotar. Infelizmente, a velocidade das chamadas nem sempre é como os pais esperam

A Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí tem, atualmente, 142 casais à espera de um filho para adotar. Infelizmente, a velocidade das chamadas nem sempre é como os pais esperam. Ao longo do ano passado, houve 30 adoções e há casos de casais que esperam até seis anos pela adoção, como informa o Cartório da Vara responsável. Durante o ano passado, janeiro foi o mês com mais adoções, com um total de seis.
Após procurarem a Vara da Infância, esses interessados devem seguir algumas regras para a adoção. Entre elas, frequentar no mínimo três vezes os encontros do Grupo de Apoio à Adoção Semente, uma ONG (Organização Não Governamental) de Jundiaí que auxilia pais que desejam adotar. O grupo promove palestras, traz exemplos, faz dinâmicas e, sobretudo, prepara os casais.
Um deles é formado pela analista de logística Rogéria Rabelo, 32 anos, e pelo operador de máquinas Adilson Marcos Souza. Eles frequentam o grupo há três anos e estão na fila há dois anos e meio. "Aguardamos muito essa chegada", declara ela. A preferência do casal é por uma criança com idade até cinco anos - faixa etária mais difícil de conseguir (veja abaixo) - e são indiferentes à raça e ao sexo. "Nossa família está ansiosa", conta Rogéria, moradora da Ponte São João.
Muitos dos casais que passam pelas reuniões do grupo tentaram ter filhos por meios biológicos e não conseguiram. É o caso da advogada Alessandra Maretti, 42. Ela perdeu os filhos em duas ocasiões. A partir de então, começou a pensar em adotar, na companhia do marido, o também advogado Carlos Alberto Negri, 46.
Certo dia, um amigo do casal lançou a pergunta decisiva: "Seu desejo é ter um filho ou ser mãe?". Se o desejo era ser mãe, então não importaria se fosse gerado por ela ou adotado. Foi então que a advogada decidiu adotar e, com Carlos, viu sua vida se transformar.
E não foi apenas um filho. Ambos tiveram a oportunidade de adotar dois de uma só vez, um casal de irmãos de 4 e 6 anos. Quando entraram na fila de espera pela adoção, os pais queriam adotar apenas um. Nas visitas às casas de abrigo, acabaram conhecendo duas crianças sem família. A conexão foi imediata. E então levantaram a pergunta: "E se for dois?".
A espera demorou de seis a sete meses, tempo considerado rápido se comparado ao de outras pessoas. "O tempo não foi um problema", conta Carlos. "Somos advogados e já estamos acostumados com a rotina do Fórum", disse ele. Depois de decidirem pelo casal de irmãos, os advogados, que moram na Vila Arens, passaram a se encontrar com eles apenas aos fins de semanas, em visitas controladas. Isso ocorreu durante cinco meses. As crianças começaram a morar com eles em dezembro.
Atualmente, Carlos e Alessandra contam que a rotina, em casa, mudou por completo. "Com crianças em casa é outra coisa, tudo muda, até mesmo o horário que você acorda e a maneira como você se comporta", revela ele, que não cansa de abraçar um dos filhos.

QUEBRANDO BARREIRAS
Tambén na Vila Arens mora o casal Fábia Simões, 38, e Renata Lengui, 34, homossexuais, juntas há três anos e com um casal de filhos adotivos - Carlos, 8, e Giovana, 6. Quando pensaram em adotar, as duas mulheres chegaram a imaginar que surgiriam restrições por se tratar de um casal homossexual. Para a felicidade de ambas, nada disso aconteceu. "Foi tranquilo e nosso processo correu como o de qualquer outro pai e mãe", revela Renata.
Apesar de três anos embaixo do mesmo teto, as duas mulheres estão juntas há cinco anos. Com o tempo, a ideia de ter filhos veio à tona. "Nunca pensamos em ter um filho só, e chegamos a levantar a possibilidade de fazer inseminação artificial", revela Fábia. "Mas a adoção, para nós, foi o caminho natural."
Depois de um ano com o casal de irmãos adotado, as duas mulheres costumam dizer que tudo correu dentro da naturalidade. Fábia é policial militar e Renata, professora. Em suas famílias elas não tiveram problemas e todos aceitaram a adoção de forma tranquila.
E as crianças, garantem as mães, não têm problemas com a ausência da imagem do pai. Na escola, conta Renata, os amiguinhos acham legal o fato de serem duas mães e não apenas uma. A família comemora.
Rafael Amaral, do JJ Regional
CAIO ESTEVES - O casal Alessandra e Carlos, ambos advogados, adotaram duas crianças: mais alegria em casa
http://portaljj.com.br/interna.asp?Int_IDSecao=47&Int_ID=221054

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