segunda-feira, 26 de maio de 2014

MÃES ADOTIVAS DESENVOLVEM ONG PARA AJUDAR NO PROCESSO DE ADOÇÃO


25 de maio de 2014 
Por Marcella Ruchet em Cotidiano
A ONG Acalanto surgiu para ajudar famílias que querem adotar crianças
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) existem atualmente no Brasil cerca de 5.400 mil crianças e adolescentes esperando, em abrigos e outras instituições, a oportunidade de ter um lar de verdade. Em Fortaleza, o número é de 52 esperançosas vidas. Pretendentes para adotar existem, mas a burocracia e o longo tempo para finalizar o processo podem fazer os futuros pais desistirem ou se sentirem desestimulados, até mesmo, a iniciar os trâmites legais.
O processo de adoção que a dona de casa Eliane de Oliveira enfrentou até conquistar de vez sua filha Raíssa foi longo, mas ela nunca desanimou. Com o desejo de adotar uma criança, desde a adolescência, a “guerreira” foi até o fim na batalha. “Conversava com o meu marido sobre o assunto, mas ele nunca foi a favor. Eu já tinha uma filha de dez anos, mas não conseguia mais engravidar”, conta. Até que um trabalho voluntário mudou os rumos da história. Quando Eliane viu a futura filha pela primeira vez, não sentiu o “sino bater” e apesar de ter tomado conhecimento da história da menina, não a enxergou como filha naquele primeiro momento, na verdade, quem se apaixonou pela criança foi Itamar, seu marido.
Na época em que decidiram pela adoção, a menina já tinha três anos, mas não andava e nem falava. E segundo a assistente social que participou de todo os trâmites, a chance do processo terminar de forma positiva era de 1%, pois a mãe biológica de Raíssa, estava querendo a guarda da criança também. “Mas eu não desanimei, fui pesquisar se poderia pelo menos apadrinhá-la. Nesse meio tempo comecei a ganhar confiança da mãe biológica, cheguei a convidar para passar o Natal com a gente”, relembra Eliane.
Como a mãe biológica da menina viajava muito, ela acabou cedendo e concordando com a adoção. Em junho de 2012 a família recebeu a guarda provisório de Raíssa e a levou para casa. Depois disso foram várias visitas de assistentes sociais e idas ao juiz, para finalmente, em dezembro do mesmo ano, conseguirem a guarda definitiva. Hoje, dois anos depois, Raíssa é totalmente adaptada a rotina da casa e Eliane ainda tem contato com a mãe biológica, como prometeu. “Em datas comemorativas nos encontramos em lugares públicos. Mas hoje esse contato diminuiu, esse ano quando perguntei se a Raíssa queria ligar para ela no dia das mães, ela disse não.”
Eliane é firme ao afirmar que o assunto da adoção nunca vai morrer dentro de casa. “Eu estou contando tudo isso, enquanto minha mãe filha está do meu lado. Ela tem uma história e isso não pode morrer”, finaliza.
ACALANTO FORTALEZA
Todo o processo de adoção foi acompanhado pelo Grupo de Apoio a Adoção Acalanto, localizado em Natal, que trabalha em prol de ajudar em adoções. “Um advogado de lá, veio até Fortaleza para me ajudar e conhecer minha história”. Todo esse carinho fez com que as mamães adotivas resolvessem trazer o Grupo Acalanto para a capital e isso foi feito: há um ano a ONG de Fortaleza vem buscando ajudar pais adotivos e pretendentes a adoção.
A presidente da Acalanto, Danielle Gondim, conta que a ONG nasceu a partir de um grupo de pessoas que já eram voluntárias em um abrigo de menores. Eles perceberam que Fortaleza não contava com um grupo de apoio voltado unicamente para a adoção. O projeto conta com 12 voluntários, entre psicólogos, advogados e pedagogos. E na Acalanto os futuros pais e mães encontram apoio desde o momento da decisão de adotar até a adaptação da criança em casa.
A Acalanto também desenvolve ações, como a que vai acontecer neste domingo (25), Dia Nacional da Adoção. A ONG vai celebrar o dia na Praza Luiza Távora (Ceart), das 16h30 às 19h, com uma programação cultural e infantil, além de bate-papo e tira-dúvidas sobre o processo de adoção. “Será uma programação para toda a família. “Queremos celebrar algumas vitórias porque cada criança que ganha uma família é um motivo para comemorar. Mas também precisamos lembrar que ainda há muitas outras crianças e adolescentes a espera de um lar, de uma família, de amor. Então, ainda há muito a ser feito”, afirma Danielle.
Para a Acalanto Fortaleza, o dia deve ser lembrado, sobretudo, para ressaltar a necessidade de urgência nos processos de adoção e para que se crie uma discussão em torno de uma nova cultura da adoção.
PARA ADOTAR UMA CRIANÇA:
– Ser maior de 18 anos e 16 anos mais velho que a criança que se pretende adotar; – Não é necessário ser casado. Solteiros, viúvos e divorciados podem adotar; – Não ser tutor da criança que se pretende adotar; – Procurar a Vara da Infância e Juventude, munido da documentação, para dar entrada no processo; – Documentação necessária: RG e comprovante de residência; Cópia autenticada da certidão de casamento ou nascimento; Carteira de Identidade e CPF dos requerentes; Cópia do comprovante de renda mensal; Atestado de sanidade física e mental; Atestado de idoneidade moral assinado por duas testemunhas, com firma reconhecida; Atestado de antecedentes criminais.
Após aberto o processo os interessados passaram por uma série de entrevistas, onde será feita uma análise detalhada para saber como vivem as pessoas interessadas em adotar, além de conhecer a situação financeira e comprovar que ela é favorável para criar uma criança. Os pretendentes têm o direito de escolher as características da criança que pretendem adotar e aguardam a adoção em uma fila de espera.
Eliane, o marido Itamar e a filha Raíssa (FOTO: Arquivo pessoal)
A família em férias na Disney (FOTO: Arquivo pessoal)
Raíssa e o pai em Brasília (FOTO: Arquivo pessoal)
Eliane, Raíssa e a filha mais velha Erika (FOTO: Arquivo pessoal)
A família em uma de suas viagens (FOTO: Arquivo pessoal)
Acalanto Fortaleza (FOTO: Divulgação)
http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/cotidiano-2/maes-adotivas-desenvolvem-ong-para-ajudar-processo-de-adocao/
Curtir ·  · Compartilhar

Nenhum comentário: