domingo, 20 de julho de 2014

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Diariamente recebo inúmeros emails com as seguintes informações e perguntas:
Somos habilitados e estamos em busca ativa para uma criança até 4 anos, saudável, pode nos ajudar?
A resposta invariavelmente é e sempre será: para tal perfil as varas têm milhares de pretendentes da própria comarca. Adoções com tal perfil são realizadas, via de regra, na própria comarca do habilitado. Boa sorte.
Sou taxada de grossa, incessível. A questão é que as pessoas esquecem a que se destina a adoção e por essa razão prestarei, mais uma vez, as seguintes informações:
A adoção existe para atender o melhor interesse da criança. A cultura da adoção trabalha para que se procure famílias para crianças e adolescentes alijados à convivência familiar e não para que se possibilitem filhos para pessoas que desejam exercer a parentalidade por “n” razões que não nos cabe especificar.
Obviamente que não posso ficar cega diante das motivações da adoção, pois, todos que procuram o instituto têm em mente e no coração a vocação pela maternidade e paternidade, esse é o maior sentimento existente entre todos os adotantes, já que exercitar a caridade não é razão para a busca da adoção.
Para os que desejam ser caridosos indicamos apoiar entidades de acolhimento institucional, antigos “abrigos”, apadrinhar materialmente uma ou várias crianças, etc.
Então, perguntam-se alguns, o que é busca ativa? Busca ativa é o trabalho, realizado por grupos de apoio à adoção, de busca por habilitados para crianças que não estão conseguindo famílias pelos cadastros local ou nacional, ou, ainda, que estão em situações peculiares. Explico: recentemente apoiamos a colocação de uma criança branca, dois anos, com laudo de espectro autista. Atualmente procuramos 2 ou 3 famílias para 5 (cinco) irmãos, desde que mantidos os laços fraternos; para dois irmãos em adoção tardia, para 3 irmãos em adoção tardia; para vários adolescentes – femininos e masculinos – brancos, pardos e negros; para uma criança de 1 ano com necessidades especiais; são esses os perfis para os quais trabalhamos.
Nunca haverá busca ativa para uma criança recém-nascida, saudável ou mesmo para crianças até 4 anos saudáveis.
Não nos queiram mal, não nos julguem incentivadoras doentias da adoção tardia e inter-racial, não nos cabe mudar o perfil de quem quer que seja, muito pelo contrário, pois, se o desejo é por uma criança recém-nascida branca e saudável, não sugerimos que altere para uma criança negra de 8 anos. As possibilidades de insucesso serão grandes.
O que buscamos é expandir de 6 para 8 anos, de 1 para 2 crianças, mas não mudar drasticamente o perfil para “agilizar” a colocação.
Esse é o ponto primordial: não mude o perfil para agilizar, só o faça com aconselhamento técnico e com a convicção de que saberá lidar com as especificidades da adoção tardia, múltipla, inter-racial.
Não nos cabe propagar facilidades, felicidades, sonhos e inverdades, trabalhamos a realidade, a criança real, a criança que existe.
O que indicamos para quem quer crianças menores? Passem sempre em sua vara de habilitação, perguntem como está sua colocação, qual o seu lugar na fila, confiram se estão devidamente inseridos no CNA através do pedido de impressão da sua tela no cadastro, confira seus dados de emails e telefones. Medidas simples que devem e podem ser adotadas por cada um.
Para os que podem alterar o perfil: analisem a possibilidade, frequentem os grupos de apoio à adoção, conheçam as crianças reais nas visitações públicas dos abrigos.
Outra informação: abrigo não é supermercado aonde se vai para escolher um produto, abrigo é o lar daquelas crianças e adolescentes carentes de amor, carinho, individualidade e família.
E vamos nos ajudar mutuamente a dar famílias para as mais de 5 mil crianças e adolescentes que aguardam essa oportunidade.
Silvana do Monte Moreira

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