terça-feira, 2 de setembro de 2014

CURSO DE ADOÇÃO


01.09.2014
Liandra Senna
Basta ter vontade e dar entrada no processo para conseguir adotar uma criança? Não, o processo é bem mais que isso. Uma das etapas é o curso de adoção que todas as famílias e pessoas aptas precisam fazer
Pode parecer besteira (para mim parecia muita besteira, principalmente porque o meu curso de adoção aconteceu durante quatro sábados, no verão, às 15h. Aff!), mas só parece mesmo. Não sei se o nome “legal” é curso de adoção, mas eu chamo assim. Desde a nova legislação sobre adoção essa preparação é obrigatória.
Nela, as famílias aptas à adoção (família lê-se também pessoas solteiras, ok?) se reúnem para conversarem com assistentes sociais, psicólogos, médicos e por aí vai. Lá, são passadas informações importantes sobre o processo de adoção em si, dúvidas, medos, obrigações e deveres.
Vou dividir com vocês o que mais me marcou nesse curso. Não são necessariamente ensinamentos do curso. São leituras minhas, de livre interpretação.
1- Cuidado com o sobrenome ADOTADO. Sim, se não nos atentarmos, essa palavra vira um sobrenome, sabe? Tipo João Silva adotado.
2- Meu filho não é adotado, ele FOI adotado. Esse tempo verbal faz toda diferença. Adoção não é sobrenome (novamente) e sim a forma como ele chegou para mim. Poderia ter vindo de parto normal, humanizado, cesariana ou adoção. Simples, não é?
3- Você tem o direito de escolher se vai contar ao seu filho ou não sobre a adoção. Mas, se optar por contar, tente tratar do assunto com naturalidade e dê à criança as informações que ela consegue absorver naquele momento. Por exemplo, quando ela te perguntar por que é diferente de você, você tem 2 caminhos:
A) Porque as pessoas são diferentes. Eu e papai somos diferentes e você também.
B) Não sei meu filho (cara de tristeza). Nem sei o que te dizer, vamos trocar o assunto? Mamãe te ama…
Lembre-se, a criança tem uma curiosidade nata. Se você der a primeira resposta e ela for suficiente, a criança provavelmente procurará outra coisa para fazer. Se não for, ela continuará perguntando, até que seja. Não fuja da raia e não se desespere.
4- Não dramatize a história do seu filho. Ela já é difícil por si só. Não tente parecer um super-herói que salvou a criança do mundo cruel. Ela já te ama. Você não precisa fazê-la se sentir triste para provar que a ama também.
Aqui entra uma história muito legal que explica meu comentário acima.
Uma criança que tinha sido adotada sempre pedia à mãe para contar (e recontar) como ela tinha chegado. A mãe pacientemente explicava que foi um dia lindo, que seu pai, que tinha um jipe verde, levou ela e a mãe dela para busca-la no hospital, e que voltaram para casa rindo muito felizes. E que, meio do caminho, começou a chover e o jipe não tinha cobertura. Foi uma confusão e todos só queriam saber de protegê-la da chuva.
Um belo dia, a mãe chega na escola para buscar a criança e a encontra brigando com um coleguinha de sala, que solta a seguinte frase: “legal sou eu que nasci da barriga da minha mãe”.
A mãe ficou arrasada e pensou em interferir na briga. “Como assim você fala com meu filho dessa maneira? Seu menino mal criado”… Mas, olhou para a professora que fez um gesto com a mão como quem diz: “fique na sua”!
Rapidamente seu filho, muito seguro, replica: “melhor sou eu, que vim do jipe do meu pai”.
Entenderam? O importante é a segurança e o amor que transmitimos. Sempre o amor.
O que temos para o próximo post? A chegada do meu pimpolho. Tô ansiosa para contar!
http://carinhoacadapasso.com.br/curso-de-adocao/

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