segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

61 CRIANÇAS E ADOLESCENTES AGUARDAM NOVAS FAMÍLIAS NO CEARÁ


Adoção
13/01/2015
Entre as paredes coloridas das instituições de acolhimento crescem crianças e adolescentes que tiveram os laços familiares destituídos. Por situações de abandono, negligência ou exploração – eles perderam os vínculos biológicos e ficaram disponíveis para adoção. No Ceará, hoje, segundo informações do Fórum Clóvis Beviláqua, são contabilizados 61 meninos e meninas inscritos no Cadastro Nacional de Adoção (CNA).
Na outra ponta - esperando a oportunidade de ser pai ou mãe – existem 321 pretendentes habilitados. É uma equação que ainda não fecha. Para cada criança ou adolescente apto a ser adotado, no Ceará, são 5,2 aspirantes. Os números estaduais seguem uma tendência nacional. No Brasil são 33.284 pretendentes à adoção e 5.724 crianças e adolescentes disponíveis – uma média de 5,8.
Enquanto a adoção não chega, eles crescem amparados pelas instituições de acolhimento. A vida é similar a de outras crianças: frequentar a escola, ter aulas de reforço, sair para jogar bola na praça, ver um filme no cinema. A moradia dos abrigos garante todas as atividades peculiares da infância, entretanto, não há a atenção individualizada e o aconchego que apenas uma família pode proporcionar. Nas instituições há regras e tempo para tudo. “É uma vida comum, como todas as outras crianças. Eles brincam juntos, eles brigam juntos, eles se divertem em grupo. É uma vida como a de qualquer criança. A diferença é que não estão em família. Estão em acolhimento institucional”, lembra a psicóloga Caroline de Sousa, do Abrigo Tia Júlia.
Para unir as duas pontas dessa história é necessário uma mudança no perfil solicitado pelos pretendentes à adoção. Célia Costa, coordenadora do Abrigo Nossa Casa, diz que o desejo de ter uma família é permanente entre os moradores das instituições de acolhimento. “A espera deles é comovente. As adoções tardias acontecem, mas são casos pontuais. No geral, as pessoas querem adotar crianças pequenas. Depois dos 12 é mais difícil”, pontua. No Nossa Casa moram 15 adolescentes com idade entre 12 e 18 anos.
Apesar de adoções tardias ou adoções de irmãos já serem vistas, o perfil solicitado pelos pretendentes ainda é pouco flexível e está mudando muito lentamente - explica Juliana Andrade, coordenadora do Núcleo de Atendimento na Defensoria Pública da Infância e Juventude. Enquanto a preferência por bebês e crianças na primeira infância (0 a 6 anos) prevalecer, as mais velhas permanecerão com a vida coletiva nos abrigos.
“A convivência familiar, o amor e a atenção estimulam a criança. Ela desenvolve, em alguns meses, o potencial que poderia ter desenvolvido em anos. Nas unidades de acolhimento, elas são bem cuidadas e respeitadas, mas não recebem atenção individual. Quando saem para um ambiente de atenção individual e família, são expostas aos estímulos que contribuem para o crescimento”, afirma Juliana Andrade.
RESUMO DA SÉRIE
Em dois anos, o número de adoções cresceu 162% no Ceará. Apesar do aumento, crianças e adolescentes continuam crescendo em instituições de acolhimento. São 61 meninos e meninas aguardando uma nova família, enquanto 321 pretendentes do Ceará estão inscritos no CNA.
Serviço
3ª Vara da Infância e da Juventude
Onde: Fórum Clóvis Beviláqua (rua Desembargador Floriano Benevides Magalhães, 220).
Informações: (85) 3216 6000
http://mobile.opovo.com.br/…/61-criancas-e-adolescentes-agu…

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