domingo, 18 de janeiro de 2015

'ESTUDAVA 3H POR DIA', DIZ JOVEM APROVADO EM 6 UNIVERSIDADES NOS EUA


Mato Grosso, 06 de janeiro de 2015
Fonte: G1
André Lucas, de 19 anos, escolheu estudar em Yale University. Jovem estudou parte do ensino médio em escola pública no Acre.
Se há quatro anos você dissesse ao jovem André Lucas Buriti Melo, de 19 anos, que ele iria estudar em uma das melhores universidades do mundo, ele provavelmente não iria acreditar. Mas, em 2014 ele foi aprovado em seis universidades dos Estados Unidos da América (EUA), todas com direito a bolsa. Em julho de 2014, começou a cursar a Yale University. "Nunca imaginei, era algo que antes parecia distante para mim, nunca achei que seria algo acessível", diz.
O jovem conta que estudou três horas por dia, durante oito meses, para a seleção e não precisou fazer muitos sacrifícios. "Era uma época conturbada, eu fazia faculdade e trabalhava oito horas por dia, então estudava no intervalo dos meus compromissos, cerca de três horas por dia. Mas nunca precisei deixar de sair com os amigos nos fins de semana ou ter uma vida normal, acho que administrei corretamente meu tempo na época", conta.
O jovem aproveitou o recesso de Natal e Ano Novo para voltar a Rio Brancoe visitar a família e amigos. Ele retorna aos EUA no dia 9 de janeiro. Em seu quarto, camisas, enfeites, cadernos e diversos outros objetos com a cor e o símbolo de Yale compõem a decoração.
Adotado, André é o único filho de Edson Melo, que trabalha com construção civil e conta emocionado o dia que recebeu o filho nos braços. "Ele é adotado. Um dia minha irmã me ligou e disse que tinha conseguido um menino para minha esposa e eu. Era tudo o que a gente queria, foram três anos para regulamentar a adoção, mas graças a Deus ele ficou com a gente", lembra o pai, orgulhoso.
André sempre foi um estudante aplicado. O jovem conta que foi através da Fundação Estudar que conseguiu participar do processo seletivo. "Eles ajudam bastante nesse processo. Me ofereceram todo o suporte, mentores, e através deles passei por todo o processo", conta Melo. Ao todo, ele foi aprovado em seis universidades: Yale University, Dartmouth College, Brown University, Georgetown University, Babson College e Duke Universaty .
O estudante conheceu a fundação ao receber o prêmio Estudar Ciência, concedido a 50 alunos na área de exatas. Ao longo dos seus 19 anos, ele já acumula prêmios e projetos. Desde o ensino fundamental, feito na escola particular Associação Modelar de Ensino (AME), e o médio, feito a maior parte na escola pública José Rodrigues Leite, o estudante se engaja com atividades extracurriculares.
"Sempre fui engajado em vários projetos, em 2011 participei do Parlamento Jovem Brasileiro, representei o estado do Acre como Deputado Federal Jovem, e participei de outros projetos do Ministério da Educação. Fui participando de vários projetos e nesse contato com outras pessoas, conheci o sistema educacional americano e cresceu esse interesse de aplicar", lembra.
Em dezembro de 2014, ele recebeu uma moção de Aplausos pela Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac). Para ele, esse engajamento em vários projetos lhe preparou para participar do processo seletivo nas universidades americanas. "Foi um processo, estava inconscientemente me preparando para essas universidades, pois elas têm um método de seleção diferente do aplicados no Brasil", afirma.
DIFERENÇAS NO ENSINO
Antes de ser selecionado para Yale, Melo já cursava direito na Universidade Federal do Acre (Ufac). Ele explica que o processo seletivo nos Estados Unidos é muito mais complexo do que o brasileiro.
"No Brasil você faz uma prova e dependendo da pontuação entra na universidade. Nos EUA é mais abrangente, além das provas padronizadas é considerado o seu currículo no ensino médio, a participação em aulas. Você manda carta de recomendação de professores e faz algumas redações sobre sua vida, aspirações, qual a educação que você espera receber", conta.
Para o estudante, as mudanças também são grandes ao entrar na universidade. Enquanto no Brasil as aulas são determinadas pelo curso que você seleciona, o estudante afirma que nos Estados Unidos a grade curricular é mais flexível. "A dinâmica é completamente diferente e a flexibilidade que eles te dão lá é muito maior. Você faz as matérias que gosta e com elas você monta o curso que deseja se formar", afirma.
Ele explica ainda que só participou do processo seletivo em universidades que tivessem programa de bolsa. "Nesses lugares, se sua família ganhar menos de U$ 75 mil por ano, que equivale a uma família de classe media baixa nos EUA, ou seja, menos de R$ 7 mil por mês, você não paga nada", afirma. Ele diz ainda que ganhou bolsas de mérito nas instituições, devido sua atuação antes de entrar na universidade. "Todas as universidades que concorri tinha essa política, em duas delas recebi bolsa de mérito. Consegui bolsa em todas que entrei, em duas foi de mérito e nas outras bolsas da própria instituição", disse.
VIDA NO CAMPUS
Para o estudante, a vida no campus é muito parecida com os filmes que assistia na infância. "Às vezes parece que estou em um filme ou seriado americano", diz. Com mais de 400 clubes e diversas atividades extracurriculares, André conta que a vida no campus universitário é bastante movimentada. Lá, ele faz parte de um um instituto de liderança da universidade, um Centro de Cultura formado por estudantes latinos e também faz parte do Conselho Universitário.
O estudante vive em um flat, dentro de uma das casas do campus, com outros quatro estudantes [três americanos e um africano]. "Na universidade existem 12 casas, no primeiro ano você é designado para uma delas. Cada casa tem sua cor, seu hino, sua cultura, suas regras e uma personalidade própria. São casas grandes, para 1.200 alunos cada e têm refeitório, biblioteca, academia e é dividida em flats, onde vivem cinco pessoas", explica.
FUTURO
Melo ainda tem vários anos pelas frente até se formar na universidade e ainda está decidindo a carreira que pretende seguir. Em Yale, ele estuda economia e direito, mas acredita que deve trabalhar com políticas públicas para a educação. "Quero aplicar as experiências que estou tendo em políticas para educação", afirma.
Para ele, existem várias pessoas no Acre e no Brasil com o perfil para estudar no exterior, mas que não sabem por onde começar. "Foi um dos maiores empecilhos para mim. Essa concepção do quão difícil pode ser, a falta de informação. É mais fácil do que a gente imagina, mas por vivermos em um estado amazônico, longe dos grandes centros de educação é bastante obscuro todo o processo", ressalta.
Ele deseja que sua experiência sirva de exemplo para outras pessoas que desejam também estudar no exterior e ampliar seus horizontes. "A melhor parte é fazer que a sua experiência inspire outras pessoas a chegarem lá.
Uma conquista sua não é totalmente focada em você, mas pode significar outras coisa para outras pessoas, que estão em uma situação parecida com a minha há alguns anos, e por isso possa encorajá-la", diz. Para ele, a educação pode mudar a vida das pessoas. "As oportunidades estão aí, mesmo que exija um esforço da sua parte, é possível", acredita.
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