quarta-feira, 14 de outubro de 2015

CRIANÇAS ABANDONADAS (reprodução)

09/10/2015
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo)
Mais uma criança recém-nascida é encontrada na rua. Em um saco qualquer, em um canto qualquer, abandonada por uma mulher. Já se sabe que era a mãe. Primeiramente, tal ato nos desperta questionamentos. Por quê? Por que abandonar crianças? Falta de vontade de cuidar? Medo? Ignorância por não saber que, se não se tem condições, é possível entregar para a adoção? O fato é que mais uma criança foi abandonada. Quantas crianças abandonadas ainda veremos por aí? Essa foi salva. Alguém a viu. Sentiu sua existência. Teve compaixão. Cuidou dela. Encaminhou para pessoas responsáveis com a responsabilidade de quem pode contribuir para não matar futuros, não deixar morrer crianças.
Essa criança há de crescer. Outras não tiveram essa oportunidade. Essa criança há de superar o abandono - é o que sonhamos. Outras tantas são abandonadas e, se sobrevivem, carregam marcas desses tempos. Longe de mim justificar a ação da mãe. Teria sido ela um dia abandonada? Faltou a ela instrução, esclarecimento, compaixão? Ela justifica como medo de perder o emprego, pois, certamente, a patroa não aceitaria a criança ali. Deu à luz no banheiro da casa dos patrões, silenciosa e solitária. Sufocando a dor. Movida pelo pavor de ser descoberta. Limpou a filha, cortou o cordão umbilical, alimentou-a e, por desespero – quem sabe? – abandonou-a num canto qualquer, numa noite de chuva.
INTENÇÕES. AÇÕES.
Mas um porteiro surgiu na vida dessa criança e repetiu a parábola do bom samaritano. Ele poderia ter seguido o seu caminho, estava indo à missa. Poderia ter fingido não ter ouvido o choro. Poderia ter tido a decisão de não se meter com problema dos outros. Mas o bom porteiro, outro Francisco de Assis, abriu as portas do futuro para essa criança. Segurou a menina no colo. Embalou-a. Está radiante com a vida que salvou. Quer adotá-la. Trazê-la para o aconchego de sua família. Já escolheu o destino do bebê. Ser amado. Escolheu seu nome: Valentina. Que bom. Ainda há bondade no mundo.
Fonte: Diário de S. Paulo
Reprodução por: Lucas H.

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