segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Seminário percorre os caminhos da adoção (Reprodução)

09/12/2016

Fonte: redação da Tribuna do Advogado
        
Na tentativa de contribuir para uma visão disciplinar do que é a adoção, debatendo também as inovações legislativas no tema, a Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA) realiza nesta sexta-feira, dia 9, o seminário Caminhos para adoção. Titular da I Vara da Infância, Juventude e Idoso da Capital, o juiz Pedro Henrique Alves fez abertura do evento ao lado da presidente da CDCA, Silvana do Monte Moreira.
 
Os medos dos adotantes, o respeito à história de cada criança e o olhar atento às famílias de origem foram os pontos tratados no primeiro painel, que contou com os psicólogos Eliana Bayer, da Vara de Infância de Teresópolis, e Lindomar Darós, da VIJI de São Gonçalo, e da assistente social Andréa Pereira da 1ª Vara de Infância da capital. Érica Piedade Santos foi a mediadora deste painel.
 
Segundo Eliana, apesar de confiantes na decisão de adotar uma criança, os medos são muito comuns aos adotantes. Para ela, a maioria dessas preocupações tem fundamentos objetivos e é importante respeitá-las. "O medo nada mais é do que uma proteção. Se temos medo de alguma coisa, vamos agir para combater as causas. O medo é útil e é operacional, tem um caráter de prevenção", acalmou a psicóloga.
 
Apoiar os adotantes em respeito às suas inseguranças e dificuldades é a função principal dos grupos de apoio à adoção, destacou. "Nosso trabalho é o de identificar até onde esse medo pode ser trabalhado e como temos que respeitar os limites de cada um. Da mesma forma que cada criança tem uma história, cada adotante também tem uma história e temos que respeitar os seus limites", pontuou. 
 
Com base em situações enfrentadas dentro da Vara de Infância, Lindomar Darós fez reflexões sobre a importância de cada criança conhecer sua história. "Por mais que a gente ache que essa história é terrível, ela faz parte da formação daquele sujeito. Mesmo que seja uma história de violência, a criança tem que ter acesso a isso,óbvio que contada da melhor forma. Mesmo numa situação de violência é possível  produzir resiliência. Não existe história que não possa ser dita a uma criança, dada a suas devidas proporções e capacidade de apreensão daquilo que lhe é dito" ressaltou.
 
Para o psicólogo, os adotantes precisam enfrentar o medo das histórias de seus filhos. "A história desse filho é anterior a ele, da mesma forma que ele tem muitas histórias anteriores àquela criança. É preciso aprender a conviver com o passado, para aprender a construir um futuro juntos", disse. 
 
Assistente social, Andréa Pereira completou essas duas reflexões ao afirmar que enfrentar os medos dos adotantes e respeitar a história de uma criança está diretamente ligado à entender as origens familiares dela. "Muitas dessas famílias deixam marcas nessas crianças. É preciso começar a ver esse outro lado. Como de fato são formadas essas crianças? Esse olhar e essa sensibilidade são muito importantes", destacou.
 
Na parte da tarde, o seminário aborda os aspectos jurídicos no processo de adoção e as adoções necessárias. Neste painel, haverá o depoimento dos pais da menina Duda, que nasceu com a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). A deficiência consiste em malformações congênitas neurológicas, cardíacas e renais, causadas pelo consumo de bebidas alcóolicas durante a gestação. “Eles irão trazer a história de adoção da Duda, demonstrando como é importante abrir os olhos para essas crianças que tanto precisam de amor”, observa Silvana do Monte Moreira.

Segundo a presidente da CDCA, o seminário foi pensado para os advogados que queiram trabalhar na área da infância e juventude. “Até hoje não se estuda o Estatuto da Criança e do Adolescente como matéria obrigatória nos cursos de Direito. Portanto, quanto mais pudermos apresentar esse tema e debater sobre ele, melhor”, diz. 
 
O evento contabilizará como dois encontros nos grupos de apoio à adoção no processo de habilitação de pais.


Reproduzido por: Lucas H.

Nenhum comentário: