segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Casal adota criança com microcefalia que foi abandonada pelos pais (Reprodução)

02 de Fevereiro de 2017

Quando o casal Luciana Vilella Ouverney e Thiago de Paiva Nunes se habilitou para adoção, o perfil escolhido era de uma criança sem problemas de saúde. Ao serem convidados para conhecer a pequena Alice, entregue pela mãe biológica em 2015, com pouco mais de um mês de vida e diagnóstico de microcefalia, o casal teve a certeza de que estava diante de sua própria filha. A partir daí, Luciana e Thiago não pensaram duas vezes em alterar o perfil da criança que desejavam e iniciaram, imediatamente, os procedimentos para a adoção da menina.

Ontem (1º), finalmente, a história de Alice, que não havia despertado o interesse de outros candidatos habilitados para adoção, chegou a um final feliz. O juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, homologou a sentença de adoção de Alice pelos, agora, oficialmente, pais, Luciana e Thiago.
“Nosso perfil era criança de 0 a 5 anos, de qualquer sexo e raça. Em momento algum pensávamos em adotar uma criança especial. Já no abrigo, quando peguei Alice no meu colo, já sabia que ela era minha filha”, contou emocionado Thiago.
Para o magistrado, a história de Alice ilustra a importância de os juízes de todo o país que atuam nas varas da infância voltarem sua atenção para o projeto “O Ideal é Real – Adoções Necessárias”, lançado pela Amaerj, em janeiro deste ano, com o objetivo de tentar aumentar o volume de adoções de crianças que não fazem parte do grupo preferencial de adoção.
“O projeto lançado pela Amaerj é importantíssimo para tentar, claro que, com todos os cuidados necessários, que as pessoas habilitadas para adoção se sintam estimuladas a alterar o perfil cadastrado quando se candidatam a adotar uma criança. Por isso é importante que todos os juízes que trabalham nas varas da infância se voltem para ampliar esse projeto em todo o país”, frisou.
Para isso, o magistrado considera fundamental incentivar os candidatos à adoção para que visitem os abrigos.
“É imprescindível esse encontro , olho no olho com a criança. Uma coisa é a referência que os candidatos à adoção têm observando as características da criança pelo cadastro dos abrigos. Outra coisa é conhecer a criança, ao vivo. Foi assim que Luciana e Thiago tiveram a certeza de que Alice era a filha que eles tanto desejavam”, afirmou.
Hoje o Rio de Janeiro possui 3.477 pessoas interessadas em adotar e 525 crianças e adolescentes em abrigos, aguardando uma família para adoção. Mesmo assim, o número de crianças adotadas não cresce, por causa do perfil desejado. Para o magistrado, esse quadro, que se repete em todo o país, poderia ser equacionado com a mudança de perfil dos candidatos à adoção.
“Se pouco mais de 18% dos habilitados no Cadastro Nacional de Adoção mudassem o perfil da criança que desejam adotar, nós conseguiríamos zerar o número de crianças e adolescentes que estão agora nas instituições de acolhimento em todo o país. Só assim, teremos chance de ampliar as possibilidades de adoção de crianças com idade a partir de 8 anos, de adolescentes, de grupos de irmãos e de crianças e adolescentes com problemas de saúde”, considerou.
Original disponível em: http://cgn.uol.com.br/noticia/211715/casal-adota-crianca-com-microcefalia-que-foi-abandonada-pelos-pais

Reproduzido por: Lucas H. 

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