segunda-feira, 29 de maio de 2017

Jaraguá do Sul se destaca pelo alto índice de adoções tardias (Reprodução)

2 dias atrás

Há uma frase de autor desconhecido que ajuda a definir o sentimento que gera o ato da adoção. Ela diz que “um filho nasce quando um coração resolve parir”. Hoje, 25 de maio, é comemorado no Brasil o Dia Nacional da Adoção, para debater e difundir o tema, que ainda gera dúvidas e carrega o estigma do preconceito.

A juíza da Vara da Infância e Juventude de Jaraguá do Sul, Daniela Fernandes Dias Morelli, ressalta que o objetivo da data é mobilizar e envolver a sociedade com o tema. “Nós temos aqui em Jaraguá uma situação bastante peculiar, com muitos casos de adoções tardias, que são as que envolvem crianças com mais de sete anos de idade”, explica. Segundo a magistrada, em 2016, foram realizadas 24 adoções no município – 12 delas foram as consideradas tardias. “Isso foge um pouco do padrão, pois verificamos, na prática, que o perfil dos casais pretendentes à adoção é de bebês ou crianças pequenas”, diz.


Até maio deste ano, houve sete adoções, cinco delas de crianças com mais idade. “Esses cinco casos são de adolescentes com mais de 12 anos. Isso é uma conquista, um avanço, uma conscientização dos casais habilitados de que a maternidade e a paternidade podem, sim, serem exercidas com crianças mais velhas”, enfatiza.

A juíza revela que, ao atingir a faixa etária dos 12 anos, a criança precisa dar seu consentimento para a adoção. “Ouvi todos esses cinco adolescentes e eles estão muito contentes, muito inseridos nas famílias adotivas e eu vejo com muita alegria esse processo todo”, comemora.

De acordo com Daniela, existem 42 acolhidos atualmente (36 de Jaraguá do Sul e seis de Corupá), sendo que 11 já estão disponíveis para adoção, todos adolescentes. Os demais ainda estão em processo de destituição familiar, havendo entre eles crianças pequenas e bebês. “Alguns desses adolescentes estão em fase de aproximação com famílias, em vias de iniciar um estágio de convivência, já que existem interessados. Mas há outros que, infelizmente, não preenchem o perfil dos demais habilitados que constam no cadastro de pretendentes à adoção”, pontua.



Jaraguá do Sul tem 178 casais habilitados à adoção. No Estado de Santa Catarina, são 3.276. Por exigência da Justiça, todos as pessoas em processo de habilitação participam de uma formação. “Esse curso é importante para esclarecer eventuais dúvidas, devido a anseios e angústias que eles tenham. São ministradas palestras do judiciário, onde falamos da parte jurídica do processo, psicólogos também falam, além de assistentes sociais e casais que já passaram pela experiência da adoção. Em alguns casos, com autorização dos pais adotivos, adolescentes trazem seus relatos”, informa a juíza.


Somente depois de concluir todos os passos para se habilitar é que os futuros pais adotivos vão para a fila de adoção.

Daniela salienta que quanto mais restritivo é o perfil do casal, maior o tempo de espera para concretizar o sonho da maternidade e da paternidade.

Projetos estimulam apadrinhamento 

Jaraguá do Sul tem dois abrigos que acolhem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, um no bairro Tifa Martins e outro no Baependi. Conforme explica a coordenadora do Abrigo Institucional Tifa Martins, Francineide dos Santos Victor, é preciso esclarecer que essas crianças não são menores infratores. “Aqui temos todos os perfis, aqueles que passaram por violência psicológica, violência sexual, sofreram diversos tipos de maus-tratos, negligência, ou seja, que foram retirados do seio familiar por um ou mais desses fatores”, revela. O número máximo de acolhidos no local é de 20 crianças e adolescentes.

A instituição é considerada a porta de entrada dos abrigados, pois é onde todos os acolhidos pela rede assistencial são recebidos. Depois, os adolescentes são encaminhados ao Baependi, chamado de abrigo de longa permanência. Atualmente, somente estes últimos participam do Apadrinhamento Afetivo. Pelo programa, é possível conviver com crianças e adolescentes acolhidos.

“O programa possibilita que o acolhido possa sair e fazer um passeio, participar de uma festa, de um almoço, passar o fim de semana, ou seja, oportuniza aos padrinhos participarem da vida dessa criança ou adolescente, de acordo com suas possibilidades. Esse apadrinhamento estimulou muito as adoções tardias, porque o contato gera vínculo. É um programa muito bem-sucedido. Esta é a comarca em que mais eu vi casos de adoções tardias”, destaca a juíza Daniela Morelli.


Original disponível em: http://ocponline.com.br/especial/jaragua-do-sul-se-destaca-pelo-alto-indice-de-adocoes-tardias

Reproduzido por Lucas H.



Nenhum comentário: